Numa época de dificuldades, mentiras, corrupção e desemprego, dois sindicatos de Santa Maria conseguem fechar um acordo que não é o que nenhum dos dois queriam, mas era o melhor para suas categorias e para comunidade.
Em maio, o Sindilojas e o Sindicato dos Comerciários acertaram um acordo que normalmente só acontecia em final de novembro, com prejuízos para todos, e sem permitir abertura nos feriados. O Sindilojas queria poder abrir em 10 feriados, o Sindicato dos Comerciários só concordava com um feriado. Estava criado o impasse. Tínhamos um dado preocupante, o saldo da geração de empregos nos quatro primeiros meses do ano estava negativo em 352 postos de trabalho e, por outro lado, o fechamento de lojas é muito grande. A preocupação de ambos os sindicatos foi maior e começaram a construir uma nova negociação, chegando a algo mais coerente. Acordaram a abertura em quatro feriados no ano: 31 de maio (quinta), 7 de setembro (sexta), 12 de outubro (sexta) e 8 de dezembro (sábado), datas de grande venda para o comércio, e que poderiam representar a perda de comissão para os comerciários e dificuldades para os lojistas.
Mas, para isso, foi criado uma condição especial: quem trabalhasse num feriado não poderia trabalhar no feriado seguinte, receberia um prêmio em dinheiro e ganharia mais uma folga.
Então, cada trabalhador só vai trabalhar dois feriados dos quatro feriados acordados. E ficou acordado que nenhuma loja será obrigada a abrir, mas terá o direito de abrir se quiser. Essa sempre foi a luta do Sindilojas, liberdade para trabalhar. Isto poderá gerar mais empregos e uma nova experiência que há anos queríamos fazer e não conseguíamos implantar.
Funcionários e lojistas têm que ser parceiros e pensar em crescimento e melhorias para ambos. Foi acertado também nesse acordo o piso da categoria, aumento para os que ganham mais do que o piso, e foi incluído como feriado a terça feira de Carnaval.
Este acordo é valido até 1º de abril de 2019. E foi um grande progresso. No próximo, poderão haver mais progressos para ambas as classes. O importante foi romper a barreira e realmente começar a negociação.
Com isto, poderemos voltar a ser um centro regional de compras. Talvez essa iniciativa sirva de exemplo para os supermercados, que fizeram um acordo para fechar aos domingos, e estão deixando de gerar empregos e atrasando a economia de Santa Maria. Esse acordo termina em junho e, para o bem da economia regional, geração de emprego e sobrevivência das empresas locais, não deve ser renovado nos mesmos termos. Em pesquisa feita pelo Diário, a grande maioria da população de Santa Maria e região quer os supermercados abertos aos domingos.
Não podemos esquecer que o e-commerce está chegando e, em breve, talvez não se precise mais abrir lojas em domingos, porque o cliente vai ter aprendido a comprar pela internet, pelo smartphone ou outras formas que surgirão nos próximos tempos. Não podemos esquecer que o mercado não e Deus. Deus perdoa, o mercado não. Se errar, sai do mercado.